Corpo de ex-presidente Itamar Franco será velado em Juiz de Fora e Belo Horizonte
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BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Itamar Franco, 81 anos, morreu neste sábado no Hospital Albert Einstein, vítima de acidente vascular cerebral (AVC), após se internar para tratamento de uma pneumonia.
Desde o dia 21, Franco estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para se recuperar de uma pneumonia grave e respirava por aparelhos.
Em boletim médico divulgado neste sábado, o hospital informou que Itamar Franco faleceu às 10h15. O corpo do ex-presidente permanece no hospital e deve ser levado para Juiz de Fora, em Minas Gerais, no domingo, segundo informações da assessoria do Albert Einstein.
De acordo com a nota do hospital, o corpo do senador por Minas Gerais --Estado pelo qual cumpriria mandato até janeiro de 2019-- será transferido para Juiz de Fora, para ser velado, e depois para Belo Horizonte, onde receberá homenagens no Palácio da Liberdade.
Depois, o corpo de Itamar Franco será cremado.
O ex-presidente internou-se na UTI do Hospital Albert Einstein para tratar uma pneumonia contraída durante o tratamento da leucemia, mas seu estado de saúde se agravou.
Itamar presidiu o país entre 1992 e 1994, depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Durante seu mandato 'tampão', ele contornou a crítica institucional do país e criou o Plano Real.
A presidenta Dilma Rousseff divulgou nota oficial lamentando a morte do ex-presidente e senador Itamar Franco. Veja a nota na íntegra:
'Foi com tristeza que recebi a notícia do falecimento do senador e ex-presidente Itamar Franco. Dirigente do país em um momento crucial da nossa história recente, o presidente Itamar nos deixa uma trajetória exemplar de honradez pública. O Brasil e Minas sentirão a sua falta. Neste momento de dor, quero transmitir meus sentimentos a seus familiares e amigos.'
A agência de notícias oficial informou que a presidente Dilma Rousseff participará do velório do ex-presidente e senador Itamar Franco, neste domingo, em Juiz de Fora.
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), emitiu nota de pesar lamentando a morte do ex-presidente e disse que sua principal marca foi o 'caráter nacionalista e empreendedor'.
'Era um nacionalista nato que sabia ser polêmico, mas, ao mesmo tempo, um construtor de alternativas para enfrentar os principais problemas do país. Amava o Brasil como amava o seu povo', afirmou o parlamentar.
O presidente do Senado, José Sarney, ressaltou o papel do ex-presidente na estabilidade econômica do país e sua trajetória política.
'Itamar Franco é uma legenda do povo mineiro. Um dos maiores brasileiros do seu tempo, tendo exercido uma vida pública com dedicação total ao país, colocando suas qualidades de honradez, dignidade, inteligência e capacidade a serviço das grandes causas nacionais. Foi durante seu governo que o País encontrou sua estabilidade econômica com o Plano Real.', afirmou Sarney em nota.
O senador Fernando Collor (PTB-AL) lamentou a morte do colega Itamar Franco, também ex-vice-presidente eleito em 1989, no mandato de Collor.
'Sinto muitíssimo a perda de um amigo e grande presidente do nosso País. Itamar foi um companheiro inexcedível durante o período em que militamos juntos na política. Perde o Senado e a vida pública brasileira.', disse Collor em nota.
TRAJETÓRIA
Formado em engenharia civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora, foi prefeito por duas vezes e, em 1974, elegeu-se senador pelo MDB, partido de oposição ao regime militar (1964-1985), sendo reeleito em 1982.
O grande salto na carreira, no entanto, começou em 1989 quando lançou-se candidato a vice-presidente na chapa do extinto Partido da Reconstrução Nacional (PRN), encabeçada pelo então governador de Alagoas Fernando Collor de Mello.
Com o impeachment de Collor em 1992, Itamar se viu alçado ao cargo mais alto do país, ao centro de uma crise institucional e ao mandato em que foi criado o Plano Real, que colocaria fim à inflação de mais de 1.000 por cento ao ano.
Elegeu-se governador de Minas Gerais em 1998 e, pouco depois de assumir no ano seguinte, decretou a moratória da dívida do Estado com a União, gerando turbulências nos mercados financeiros num momento delicado da econimia do país.
Itamar também foi embaixador do Brasil em Lisboa, Roma e na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Aliado ao ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB), se elegeu ao lado dele senador por Minas Gerais pelo PPS em 2010 com 5,1 milhões de votos. Seu mandato como senador iria até 2019.